Grupo diverso de profissionais reunidos em frente a um laptop, demonstrando cooperação e engajamento

Não é Obrigatório, Mas é Essencial: O Papel do Canal de Denúncias na NR‑1

2026 é o Prazo Final: Prepare Sua Empresa Para a Nova Fiscalização da NR‑1

A atualização da Norma Regulamentadora nº 1 (NR‑1), que trata das disposições gerais e do Gerenciamento de Riscos Ocupacionais (GRO), representa um avanço significativo na política de saúde e segurança no trabalho no Brasil. Desde sua criação, a NR‑1 estabelece regras gerais para prevenção, mitigação e gestão de riscos, orientando empregadores e empregados sobre práticas seguras no ambiente laboral. Com a revisão de 2025, a norma passou a reconhecer explicitamente os riscos psicossociais, como assédio moral, sobrecarga de trabalho, falta de autonomia e jornadas excessivas, destacando a importância da saúde mental dos trabalhadores.

Canal de denúncias: não é obrigatório, mas é altamente recomendável

Um ponto central da atualização é a recomendação do uso de canais de denúncias pelas empresas. Embora a NR‑1 não torne o canal de denúncias obrigatório, ele é altamente recomendável, pois funciona como ferramenta estratégica de prevenção e gestão de riscos. Empresas que adotam canais de denúncias eficientes conseguem:

  • Registrar e acompanhar ocorrências de forma estruturada.
  • Reduzir absenteísmo, turnover e conflitos internos.
  • Fortalecer a confiança e o engajamento dos colaboradores.

Portanto, a implementação de um canal de denúncias seguro e confiável é um diferencial competitivo, além de facilitar a conformidade com a fiscalização futura da NR‑1.

Profissionais de atendimento ao cliente usando headsets e sorrindo, representando o suporte acolhedor e confidencial do canal de denúncias NR-1.

Prazos e transição

A atualização da NR‑1 entrou em vigor em maio de 2025, em caráter educativo, permitindo que as empresas ajustassem processos e estruturas sem penalidades imediatas. Esse período de transição de 12 meses, que se encerra em maio de 2026, é estratégico para:

  • Mapear riscos psicossociais e fluxos internos de denúncia.
  • Treinar lideranças e colaboradores sobre o uso correto do canal de denúncias.
  • Estabelecer mecanismos de registro, acompanhamento e resposta a ocorrências.

O período de adaptação oferece tempo suficiente para que as empresas documentem evidências de conformidade, ajustem políticas internas e integrem a cultura de prevenção à rotina corporativa, minimizando riscos legais e administrativos.

Principais exigências da NR‑1 atualizada

  • Inclusão de riscos psicossociais no PGR/GRO: Identificação, análise e controle de fatores que afetam a saúde mental e o bem-estar dos colaboradores.
  • Planos de ação claros e monitoramento contínuo: Medidas preventivas e corretivas devem ser acompanhadas periodicamente, com integração aos registros do canal de denúncias, se houver.
  • Engajamento da liderança e cultura organizacional: Treinamentos e comunicação eficaz para líderes e colaboradores.
  • Canal de denúncias estruturado e eficiente (altamente recomendável): Segurança, confidencialidade, registro formal de ocorrências e integração às ações preventivas.

Características da fiscalização a partir de 2026

A fiscalização da NR‑1, a partir de 2026, será mais ampla e rigorosa, com foco estratégico na prevenção e gestão dos riscos psicossociais. Suas principais características incluem:

Verificação de medidas preventivas

Os fiscais vão avaliar se as empresas estão adotando ações concretas para identificar, analisar e mitigar os riscos psicossociais. Isso significa que não basta declarar que existe preocupação com o tema — será necessário comprovar que medidas efetivas estão em prática. Exemplos dessas medidas incluem a realização de diagnósticos periódicos, treinamentos sobre saúde mental, políticas claras contra assédio moral e esforços para melhorar as condições de trabalho, como flexibilização de jornadas e suporte psicológico.

Análise da documentação formal

A fiscalização exigirá que as empresas apresentem documentação completa, atualizada e organizada, permitindo comprovar a conformidade com a NR‑1. Entre os documentos esperados estão:

  • PGR/GRO revisados e atualizados, com a inclusão dos riscos psicossociais claramente mapeados.
  • Planos de ação detalhados, com metas específicas, responsáveis definidos, prazos estabelecidos e indicadores que permitam mensurar os resultados.
  • Relatórios frequentes de monitoramento que demonstrem o andamento das ações e a eficácia das medidas.

Essa documentação é essencial para que os órgãos fiscalizadores possam avaliar com precisão o compromisso da empresa em gerenciar os riscos de forma eficiente.

Priorização de setores vulneráveis

Os fiscais darão atenção especial aos setores que apresentam maior exposição a riscos psicossociais devido à natureza do trabalho. Isso inclui:

  • Áreas de saúde, onde profissionais estão submetidos a alta pressão e situações emocionalmente intensas.
  • Setores de teleatendimento, conhecidos por jornadas estressantes, metas rígidas e falta de reconhecimento.
  • Serviços administrativos e setores corporativos onde há alta demanda, prazos apertados e ambientes competitivos.

Nesses setores, a fiscalização será mais rigorosa e detalhada, buscando garantir que as empresas adotem práticas eficazes para proteger a saúde mental dos trabalhadores.

Avaliação da eficácia do canal de denúncias

Embora o canal de denúncias não seja obrigatório, sua implementação será avaliada com atenção especial quando existente. A fiscalização exigirá que esse canal:

  • Seja seguro para garantir o anonimato e a confidencialidade dos denunciantes.
  • Ofereça formalidade no registro das ocorrências, permitindo o acompanhamento de cada caso.
  • Esteja integrado ao plano de ação da empresa, possibilitando respostas rápidas e efetivas às denúncias e contribuindo para a prevenção ativa de riscos.

Objetivo central da fiscalização

Mais do que cobrar apenas documentos e sistemas implementados, a fiscalização buscará assegurar que os mecanismos de prevenção sejam realmente eficazes no dia a dia da empresa. O canal de denúncias, mesmo não sendo obrigatório, deverá funcionar como uma ferramenta ativa na detecção precoce de problemas, evitando que situações de risco se agravem.

Mão segurando uma ilustração de cérebro cor-de-rosa, simbolizando reflexão, ética e tomada de decisão consciente no canal de denúncias NR-1.

Impactos para empresas

Desafios:

  • Revisão e atualização de processos internos.
  • Investimentos em prevenção e monitoramento.
  • Risco de penalidades indiretas ao não ter processos internos claros e bem documentados.

Oportunidades:

  • Redução de riscos legais e administrativos.
  • Fortalecimento da reputação corporativa.
  • Melhoria do engajamento e da produtividade.

Empresas que adotam canais de denúncia eficientes criam ambientes de trabalho mais seguros, transparentes e resilientes, transformando uma recomendação estratégica em diferencial competitivo.

Orientações práticas para adaptação

Mapeamento de riscos psicossociais

O primeiro passo para adaptação é identificar com precisão os riscos psicossociais no ambiente de trabalho. Isso pode ser feito por meio de diagnósticos específicos que envolvam:

  • Aplicação de questionários anônimos para medir fatores como estresse, assédio moral, sobrecarga e satisfação no trabalho.
  • Entrevistas individuais e em grupo para entender a percepção dos colaboradores sobre o clima organizacional e possíveis fontes de risco.
  • Análise de indicadores internos, como taxas de absenteísmo, rotatividade, acidentes, afastamentos por doenças psíquicas e reclamações trabalhistas. Esses dados ajudam a apontar áreas críticas que precisam de atenção.

Atualização do PGR/GRO

Com os riscos identificados, o PGR (Programa de Gerenciamento de Riscos) ou GRO (Gerenciamento de Riscos Ocupacionais) deve ser revisado para incluir explicitamente os riscos psicossociais. Essa atualização deve:

  • Definir claramente os responsáveis pela gestão desses riscos dentro da organização.
  • Estabelecer prazos para ações de mitigação e monitoramento.
  • Incluir indicadores de sucesso e metas claras para que seja possível acompanhar a efetividade das medidas adotadas.

Desenvolvimento de planos de ação

Os planos de ação são fundamentais para reduzir e controlar os riscos identificados. Eles podem envolver:

  • Reorganização das tarefas e flexibilização das jornadas para evitar sobrecarga e melhorar a autonomia dos colaboradores.
  • Treinamento direcionado das lideranças para que saibam identificar sinais de adoecimento psicossocial e agir preventivamente.
  • Implantação de programas de suporte psicológico, como atendimento com profissionais de saúde mental, para dar respaldo aos funcionários.

Capacitação e comunicação

Para garantir o sucesso da adaptação, toda a empresa precisa estar alinhada:

  • Realizar treinamentos periódicos com líderes e colaboradores para esclarecer o funcionamento do canal de denúncias, suas vantagens e a importância do sigilo.
  • Comunicar de forma clara a política de confidencialidade para que os colaboradores se sintam seguros em relatar problemas sem receio de retaliação.

Monitoramento e revisão contínua

Após implementar as ações, é essencial acompanhar seu desempenho:

  • Avaliar periodicamente os indicadores de risco para verificar se houve redução dos problemas psicossociais.
  • Promover feedbacks constantes com os colaboradores para coletar opiniões e sugestões de melhoria.
  • Ajustar os planos de ação conforme os dados coletados, garantindo uma evolução contínua do ambiente de trabalho.

Canal de denúncias eficiente (altamente recomendável)

Apesar de não ser obrigatório, o canal de denúncias é um recurso estratégico:

  • Deve garantir total confidencialidade para que ninguém tenha medo de denunciar.
  • Possuir um sistema formal de registro que permita acompanhar cada ocorrência desde a abertura até a resolução.
  • Contar com um fluxo estruturado de análise preventiva para agir rapidamente frente às denúncias recebidas.

Documentação e evidências

Manter registros completos é fundamental para auditorias e para demonstrar conformidade:

  • Arquivar relatórios gerenciais que detalhem os riscos identificados e as ações aplicadas.
  • Guardar atas de reuniões e treinamentos realizados.
  • Documentar todo o processo de acompanhamento e revisão, incluindo feedbacks coletados e ajustes realizados.

Essas orientações práticas, quando aplicadas de forma consistente, fortalecem a cultura de prevenção nas empresas, protegem a saúde mental dos colaboradores e garantem uma gestão de riscos mais eficaz e alinhada à fiscalização da NR‑1.

Grupo de profissionais reunidos em um escritório moderno, analisando documentos e debatendo ações relacionadas ao canal de denúncias NR-1, com foco em segurança e conformidade organizacional.

Considerações finais

A fiscalização da NR‑1 a partir de 2026 reforça que saúde mental, riscos psicossociais e compliance interno devem estar integrados às políticas de segurança e saúde ocupacional. Mesmo não sendo obrigatório, o canal de denúncias é altamente recomendável, funcionando como ferramenta estratégica para prevenção, monitoramento e gestão de riscos.

Empresas que internalizam essas práticas promovem ambientes de trabalho mais seguros, fortalecem a confiança dos colaboradores e reduzem impactos financeiros e reputacionais. A adoção de canais de denúncia estruturados permite identificar problemas antes que se agravem, garantindo respostas rápidas e alinhadas a planos de ação preventivos.

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